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PALESTRA

“A Caridade”

A Caridade

 

Weimar Muniz de Oliveira

 

         A caridade mereceu de Allan Kardec, na elaboração de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o mais estremecido carinho – pedra angular da Revelação Espírita –, ao ponto de lhe dedicar todo um capitulo nessa obra, onde, com esmero, sensibilidade e dedicação, exalta a excelsa virtude cristã.

            Assim é que, no capítulo XV, da citada obra, excursiona pela Parábola do Bom Samaritano, pelo Mandamento Maior e pelas cantantes expressões de Paulo de Tarso quanto a esse sentimento superior.

 

            Diz Paulo deTarso:

        

                   “Ainda quando eu falasse todas línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para  ser queimado, se não tiver caridade, tudo isso de nada me serviria.

                        A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa, não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal, não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.

                        Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade (S.Paulo, 1ª Epístola aos Coríntios, 13: 1 a 7 e 13).

 

 

                        2 –      O livro “Falando à Terra” (FEB – Brasília – 5ª edição, p. 17/19), ostenta bela mensagem de Fabiano de Cristo (Frei franciscano), que, nascido em Soengas, Portugal,  viveu e desencarnou, em 1747, no Brasil.

 

                        Diz Fabiano de Cristo:

 

                            “Sem a caridade, tudo, na Terra que povoamos, seria o caos do princípio.

                                   A ciência ateará sempre a chama da palavra nos lábios humanos, erguendo pedestais à inteligência; mas, sem a caridade de Jesus, que alimenta o corpo e sustenta a vida, debalde se levantarão púlpitos e monumentos.

                                   Todos os patrimônios que enriquecem o homem foram acumulados pela graça do Senhor, considerando o progresso em seus alicerces profundos.

                                   A caridade divina é tangível em toda parte.

                                   Caridade é o ar que respiramos, a luz que nos aclara os caminhos, o grão que nos supre de forças, o pano que nos envolve, a afeição que nos acalenta, o trabalho que nos aperfeiçoa e a experiência que nos aprimora.

                                   O mundo inteiro é uma instituição de amor divino, a que nos acolhemos para amealhar a riqueza do futuro. A caridade é a coluna central que o mantém. Sem ela, que exprime paciência e humildade, serviço e elevação, a máquina da vida paralisaria em todas as peças. Sem ela, os santos mofariam no paraíso e os pecadores clamariam, desesperados, no inferno; os fortes não se inclinariam para os fracos, nem os fracos vicejariam ao contacto dos fortes; os sábios apodreceriam na estagnação, por ausência de exercício, e os ignorantes gemeriam, condenados indefinidamente às próprias trevas.

                                   Mas a bendita sentinela de Deus é o Anjo Guardião do Universo, e nunca relega as criaturas ao desamparo, ensinando que a vitória do bem, com ascensão para a luz, é sempre obra de cooperação, interdependência e fraternidade.

                                   A estátua não desfrutaria o louvor da praça pública sem a caridade do material inferior que lhe assegura o equilíbrio na base; a luz não nos livraria das sombras se a candeia acesa no velador não lhe dirigisse os raios para o chão.

                                   O solo aceita as exigências do rio que o desgasta, incessantemente, e, com isto, a escola terrestre permanece viva e fértil; a semente conforma-se com o negrume e a soledade na cova e, assim, a mesa tem pão.

                                   Sem obediência às normas da caridade, que exalta o sacrifício de cada um para a bem-aventurança de todos, qualquer ensaio de felicidade é impraticável.

                                   Somos todos filhos da Graça Divina e herdeiros dela, e, para santificarmos a vanguarda do progresso, é imprescindível dar de nós mesmos, em oferta permanente ao bem universal...

 

                   3 – E, por fim, acenando pela união fraternal, pela solidariedade universal, para o amor sem peias e sem jaça entre os seres humanos, num novo paradigma de sentimento cristão para com todos e sobre todos, na conquista de uma nova era e ordem cósmicas, encerra sua advertência, afirmando:

 

                            “Todo egoísmo está condenado de início.

                                   A água, sem proveito, putrefaz-se.

                                   O arado inativo é carcomido pela ferrugem.

                                   A flor estéril torna ao adubo.

                                   O espírito permanentemente circunscrito ao estreito círculo de si mesmo é castigado com a desilusão.

                                   Recebendo as bênçãos do Céu, através de mil vias, a cada instante da experiência no corpo, o homem que não aprendeu a dar, em auxílio espontâneo aos semelhantes, é louco e infeliz.

                                   Multipliquem-se palácios para a administração e para a cultura do cérebro; mas, enquanto a porta do coração não se descerrar ao toque do amor fraterno, a guerra será o vulcão espiritual do mundo, devorando a paz e a Vida. Descubram-se preciosos segredos da matéria e entoem-se cânticos de triunfo no seio das nações gloriosas da Terra; mas, enquanto o homem não ouvir o apelo suave da caridade, para fazer-se verdadeiro irmão do próximo, o solo do Planeta permanecerá empestado de vermes e encharcado de sangue dos mártires, que continuarão tombando a serviço da divina virtude em intérmina caudal.”

 

            Weimar Muniz de Oliveira é magistrado aposentado, presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (ABRAME) e do Lar de Jesus, Diretor da Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO) e membro do Conselho Superior da Federação Espírita Brasileira (FEB). Weimar.adv@cultura.com.br   e  abrame@abrame.org.br

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